quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Sob o signo do guarda-chuva

  
No outro lado do mundo, há um país onde hoje é feriado. E, numa determinada região desse país, este vai ser comemorado de uma forma muito especial, talvez até histórica. Há vários dias que milhares de pessoas ocupam as principais ruas de Hong-Kong, num protesto que começou por ser estudantil e a que muitos já chamam de revolução. A revolução do guarda-chuva.

Quero que saibam que não são as razões políticas deste protesto que me trazem aqui, nem tão pouco irei pronunciar-me sobre tal, mas antes, a minhas razões emocionais e, principalmente, umbilicais.

Já estive várias vezes em Hong-Kong e parte de mim está lá. Os relatos pessoais chegam-me várias vezes ao dia. Por Facebook, por fotos no Instagram, por mensagens a descansar um coração que vive entre a emoção dos acontecimentos e a incógnita do dia de amanhã.

Deixo-me levar pelos estudantes que continuam a fazer os seus trabalhos escolares, sentados no asfalto, surpreender com os impensáveis pedidos de desculpa pelas barricadas físicas, emocionar com a mobilização da população que distribui água, refeições e roupa aos protestantes.






Debaixo do guarda-chuva, vai uma cidade que, maior do que a sua grandeza, é a grandiosidade dos que lá vivem.

E, hoje, eu só queria estar ao lado da Joana, do Simon, da Mónica, do Marcos. Viver com eles estes dias. Partilhar a dúvida de ficar em casa ou sair à rua. Acordar de manhã e saber se as ruas onde passam, todos os dias, continuam iguais. Adormecer na incerteza do dia seguinte.








1 comentário:

  1. Este tema tem uma dimensão histórica. Façamos figas para que corra tudo pelo melhor, para os teus amigos e para as restantes pessoas, nós incluídos. Problemas desta natureza em praças financeiras tão influentes podem ter repercussões que não estão ao alcance dos nossos olhos. É mais uma dificuldade deste mundo global.

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