segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Até amanhã, avó!

Ver-te a agonizar com dores na cama daquele hospital, naquela sala tão impessoal, tão fria, tão desconfortável, é uma imagem que nunca esquecerei, e que neste momento me dói mais do que conseguirei, algum dia, expressar. Sinto que falta muito pouco para partires avozinha, e infelizmente não tenho como o evitar, nem como te ajudar. Sou absolutamente impotente perante o ciclo da vida.
Se acreditasse em Deus, dir-te-ia que ele andava a chamar por ti, para que descansasses e espalhasses sobre a humanidade esse teu amor exacerbado, levado sempre ao limite, e vivido da única forma que ele faz sentido: incondicionalmente. Se acreditasse, dir-te-ia que Ele te estava a chamar para que tocasses outras vidas da mesma forma que tocaste as nossas, derramando nelas a bondade, generosidade (e como és generosa!), tolerância, compreensão, respeito e essa tua imensa sabedoria. Mas como sabes eu não sou crente, e assim, o único consolo que me resta é saber que viveste uma vida feliz, sempre junto daqueles que amaste, e que te amam da mesma forma que os amas e amarás.

Escrevo-te agora avó, porque sempre gostaste que eu escrevesse, e apesar de a vida não te ter dado a oportunidade de aprenderes a ler o que escrevi,  sempre foste aquela que melhor o entendeu. Lias com o coração não era?
Lembro-me como os teus olhos sorriam'e o teu sorriso brilhava, quando pedias ao avô que te lesse os meus textos e poemas. Lembro-me de me dizeres que tudo o que eu escrevia era "muito bonito". Às vezes não era. Mas para ti, sê-lo-á sempre. 

Lembro-me agora de tantas outras coisas. Das bolas de berlim com que adoçaste todos os dias da minha infância, dos teus abraços e beijos "curadores" nas feridas que resultavam das quedas na bicicleta. Se fechar os olhos, ainda ouço a tua voz a chamar por mim, enquanto eu brincava escondida pelos matos e silvados do teu bairro com os meus amigos: "Catarinita, onde estás?" 

Lembro-me de que, já adolescente, me querias ensinar a rezar. Se tivesse aprendido, hoje pediria a Deus e aos Santos que te tirassem as dores que estás a sentir, e curassem o teu coraçãozinho e os teus pulmões. Pedir-Lhe-ia que não te deixassem sofrer. 
Por essa altura, também me quiseste ensinar a tricotar. E eu também não quis aprender. Disse-te tantas vezes que não gostava de tricot, e ainda assim perdeste meses a fio a tricotar uma colcha para pores no meu enxoval. Naquele enxoval que fizeste durante anos, guardaste numa mala que compraste para mim, e que eu não quis, nem levei.

Lembro-me que no dia em que completei 18 anos estavas muito feliz com o presente que tu e o avô me iam dar. Eu delirei quando vi o livro do código e o cheque para tirar a carta de condução. Também me lembro que passados 4 anos me disseste que os meus pais me iam dar um grande presente. E dessa vez, não me disseste qual era. Logo tu, que não tens segredos, e que por isso, os partilhas, como partilhas as panelas do teu caldo verde, que sabes fazer como ninguém.

Lembro-me de ti orgulhosa no papel de minha madrinha de curso, e das lágrimas que choraste quando colocaste a minha fita de jornalismo na tina da queima. 

Viste-me nascer e crescer, e eu tenho de te dizer que cresci muito feliz ao teu lado. E se sou como sou, com todos os meus defeitos e virtudes, sou-o porque também me ensinaste a ser assim. 
E como sou assim, só sei amar-te. Hoje e sempre.

Até amanhã, avozinha.
Lá estarei para te mimar, como mereces. Se não conseguires falar comigo, eu ficarei a segurar a tua mão.
Mas escuta avó, eu sei que o local do nosso encontro não é muito bonito, mas se conseguires não faltes, porque à hora marcada eu estarei lá.

Muitos beijos
Tua


Catarinita  

Dois tratores e uma ceifeira


A razão da escolha deste curso - Como criar um blog de sucesso - tem a ver com o negócio da nossa empresa, uma revista de máquinas agrícolas.

Precisamos de um blog para estarmos mais perto dos nossos leitores e colmatar o largo intervalo de publicação da revista.



Achei muito interessante quando o Ricardo falou, numa das aulas, acerca das revistas de moda (em papel) e do modo como têm que se reinventar para não ficarem atrás dos sites, blogs e revistas digitais em que as notícias são dadas ao segundo. Deixou-me a pensar.
Talvez por haver pouca informação, em português, na área das máquinas agrícolas ainda não tenhamos sentido essa concorrência da internet versus papel mas sabemos que esse tempo chegará.



Nesse blog a minha contribuição será essencialmente na área da imagem.




sábado, 27 de setembro de 2014

Faz hoje três semanas...

...que tive um acidente de carro que me ia matando. Era a primeira noite de chuva e eu tinha saído para jantar na casa de uma amiga. Não quis sair de casa dela muito tarde. A estrada estava molhada e eu achava que quanto mais tarde voltasse para casa pior seria.

Ia com todo o cuidado do mundo, a percorrer a 2.ª circular, quando uma carrinha me abalroou o carro. Minutos depois, uma segunda carrinha voltou a bater no meu carro, que tinha ficado no meio da estrada, e levou-o a enfaixar-se contra o separador central. E eu aos trambolhões dentro do carro. Veio o INEM, os bombeiros a polícia e eu fui para o hospital.

Eu sobrevivi a este filme de terror e ainda hoje não percebo como. Percebo só, com alguma dificuldade, que aquele não foi o cenário da minha morte. Não foi aquele o momento. Muitos disseram: "como sobreviveste àquilo?" Eu respondi sempre: Foi milagre! E eu nem acredito em milagres.

Escolhi hoje o meu novo carro. Espero que venha envolto em milagres! 

Verão. Soube a tão pouco este ano.




AS 3 BÊNÇÃOS

Quando decidi dar início ao registo das 3 bênçãos diárias, a minha pergunta foi: como é que vou descobrir 3 coisas boas num dia? Numa semana, num mês, ainda pode ser, mas num dia, todos os dias, durante 7 dias. Vinte e uma coisas boas…Como?
Nesta vida tão cheia de obrigações, onde os tempos estão todos contados, onde as listas de To DOs povoam os dias numa busca permanente pela eficácia e eficiência. Concluímos uma tarefa para dar logo inicio a outra, ou por vezes nem a concluímos, adiamos, para retoma-la numa outra ocasião, no mesmo dia, no dia seguinte ou daí a um mês. Numa sequência infernal onde a pergunta que mais povoa a mente é: e a seguir? 
Como? Preparei o cenário: caderno e caneta na mesa-de-cabeceira. Ultima tarefa do dia, escrever as 3 bênçãos!
Primeira noite: Assim de repente, nada! - Havia que procurar melhor, seguiu-se o escrutínio do dia e lá se encontraram 3 coisas boas. Coisas simples. Tinham de aparecer, até porque a falta delas levaria a outra questão bem mais difícil de responder. Resolvido!
Nas noites seguintes os registos continuaram com coisas ou acontecimentos simples, repetidos ou novos, sempre singelos. Foi inevitável que de 3 passassem a 5, a 10, …. Extraordinário como as coisas e os acontecimentos passam por nós sem nos apercebermos, sem os valorizarmos.
A consciência deste facto obrigou-me a estar mais atenta ao desenrolar do meu dia e rapidamente as bênçãos começaram a ser identificas no exato momento em que aconteciam. O prazer desse momento era imediatamente integrado de uma forma consciente e o registo dele remetido para o fim desse mesmo dia.
Passei a demorar-me mais tempo nesses momentos, sem pressa para passar ao seguinte. O que não fosse feito hoje seria amanhã, ou depois. Em um ou outro momento da minha vida suspeitei que vivia depressa, procurava descansar, mas logo o quotidiano me levava de volta ao ritmo infernal. Vivemos todos depressa demais.

A então suspeita é agora uma certeza que pede ação, que pede mudança. Pede que os momentos e os acontecimentos não só sejam continuamente identificados (forma passiva) mas também procurados (forma ativa). 

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

14 anos depois

Estou na segunda fila, sentada na secretária, a usar o esquadro e o compasso. O professor chama-me à secretária dele. Estamos na aula de Educação Visual do nono ano. Pergunta-me, assim do nada, que profissão gostaria de ter. Respondo a gaguejar, como quase sempre. 
"- Quero ssser jojornalista.
- Jornalista? Mas gaga não pode ser jornalista! A Joana tem capacidade para muitas coisas, mas essa não me parece! Digo isto para o seu bem!"
Engoli em seco. Os meus olhos encheram-se de lágrimas, que consegui a muito custo controlar. 

Nesse dia, cheguei a casa e enfiei-me na cama vestida. Não quis comer, pela primeira vez não quis falar. A almofada ficou ensopada. Adorava ler, escrever e falar, mesmo que demorasse mais do que os outros, mesmo que fosse alvo de chacota. Punha o dedo no ar nas aulas, pronta a participar, mesmo que isso significasse chamarem-me "cobrinha". Não por ser má, longe disso. Simplesmente porque carregava nos "esses", arrastava-os nas palavras, repetia-os. 
"- Ssssssssstora, sssssserá que isso ssssssignifica..."
Risada total. Todos se riam, menos eu. Continuava com a minha pergunta. Queria saber, queria ir mais longe. Queria fazer perguntas. Era gaga e então? Era feliz, tinha amigos, tocava guitarra, cantava nos Onda Choc (sim, nos Onda Choc!), era boa aluna, tinha confiança em mim.

Mas naquele dia não. Naquele dia era um professor, do alto da sua experiência, que me aconselhava a não seguir o meu sonho, "para o meu bem". Não me lembro de pregar olho naquela noite.

"A gravar!" À voz de ação do câmara gravo o meu pivot. Limpinho. Não gaguejo, não temos de repetir. É um dos meus trabalhos. Faço reportagens, escrevo, faço locuções, sou voz off de um canal de televisão. Faço perguntas, trabalho com palavras. Escritas, ditas. Respiro fundo e a magia acontece. Não gaguejo, não quando tenho de ser "perfeita". Reservo as repetições, as palavras mal ditas e arrastadas para os outros momentos. Para a família, para os amigos, para as aulas, para momentos em que posso ser "eu", sem julgamentos.

Já me disseram que me dava charme. Desatei-me a rir. Não comprei o elogio, mas ri-me. Agora rio-me. Rio-me quando me lembro que tinha de bater na minha perna, da forma mais discreta possível, para desbloquear uma palavra que ficava presa na língua. Mas rio-me principalmente porque hoje, 14 anos depois, sou aquilo que queria ser quando estava sentada na segunda fila daquela aula, a usar a régua e o esquadro. 

Freddy Sucata

Não sei o que pensar sobre o Freddy Sucata. Apesar de ele ainda não existir, já consigo adivinhar a sua personalidade. É impossível resistir aos seus inúmeros desencantos: rude; mordaz; inconveniente. A sua arrogância apenas encontra paralelo no seu profundo conhecimento sobre a arte da bijuteria. Afinal de contas, a sua vida é o ferro-velho no qual nasceu. Os seus brinquedos foram o latão e o estanho. Por vezes até ouro e prata. Ninguém imagina os tesouros que se encontram numa sucata.

O Fredy Sucata é apenas a personagem que escreve num blog sério sobre bijuteria. Poderão ambos coexistir? Será possível criar um blog de sucesso sobre bijuteria tendo como narrador semelhante figura? Até que ponto a credibilidade de um blog, enquanto referência numa determinada área, é afectada pelo trejeito da personagem que o conduz? O Freddy Sucata poderá existir? Poderemos dissociar a qualidade do conteúdo da irascível personagem?

Freddy Sucata: Vida ou Morte?


Surpresa... (Ou qualquer outra coisa parecida com amnésia)

Diz que a vida é uma caixinha de surpresas. 
Afinal eu tinha um blogue. O blogue existia desde 2007 e tinha apenas 2 posts, sendo que um deles era um lençol de texto. Na verdade, eram 6 textos publicados de uma assentada só.
O curioso é que eu apanhei um susto daqueles! Não me lembro de o ter criado, não me lembro de ter escrito e publicado nele, e cheguei mesmo a duvidar que ele fosse meu. 
Mas quando o li, percebi que aqueles textos tinham a minha identidade. Para além de me ter reconhecido no estilo de escrita, encontrei neles expressões que ainda hoje fazem parte do meu léxico, e outras "coisas" que adoro escrever em tudo o que for cadernos e moleskines.
E de repente recuei 7 anos na minha vida.

Sim. Escrevi aqueles textos. 
Mas não! Não me lembro de os ter publicado, nem da existência de nenhum blogue que tenha criado.

Como diria o grande Fernando Pessa: "e esta, hein?" 





quinta-feira, 25 de setembro de 2014

A Perna Fina

Desde miúda que oiço dizer: “Ai menina, és da família dos Perna Fina!” E eu ouvia e não percebia por que me diziam tal coisa! Eu, que desde que me conheço luto para afinar as pernas (e todas as outras partes do meu corpo), achava que estavam verdadeiramente loucos.

Sou duma família que nasceu na Lousã, perto de Coimbra, cujos membros são conhecidos por ter um caráter muito peculiar. São também conhecidos por ter uns corpos estranhíssimos, com pernas muito finas. Daí o nome. Sou efetivamente uma Perna Fina de feitio. Apenas e só. Quanto às minhas pernas… Hum! Já viram melhores e piores dias!

O blogue da Perna Fina é a materialização do meu dia a dia na luta por umas pernas menos grossas, pensamentos largos, desejos gordos, aspirações cheias e uma ou outra tristeza mais magrela.

Perna Fina

O dia em que as calças deixaram de me servir

São seis e meia da manhã, o despertador toca. Ainda meio a dormir, dirijo-me para o roupeiro em busca de algo para vestir. Mexo, remexo e apercebo-me de que não tenho nada para vestir (apesar de o varão mal aguentar com tanto peso e as gavetas terem dificuldade em fechar).

Tiro umas calças e uma camisola que me parecem, àquela hora, combinarem, e visto-me. Mas algo se passa com as calças. Estou com dificuldade em as fazer passar pelas coxas. "Mau, mas isto encolheu na lavagem?", penso. Regresso ao roupeiro e escolho novo par de calças. Visto-as, mas logo as dispo, porque vai ser impossível conseguir mexer-me com aquelas calças, mal as consegui abotoar.

Já irritada e bem acordada, escolho novo par de calças, aquelas que não gostava muito de usar porque estavam larguíssimas e até abotoadas as conseguia despir e, milagre, estão perfeitas! Vestida, entro na casa-de-banho e vejo a balança fantástica que comprei há dez anos e que não uso há uns cinco, vantagens de nunca ter tido problemas com o peso, afinal, raramente conseguia atingir os 50kg, apesar de comer "como uma lontra". Arrisco e vou em busca de pilhas. "Já não me peso há tanto tempo, deixa lá ver com quantos quilos estou. Já sei que nunca passo os 50kg, é mesmo só por curiosidade", pensa o meu ego.

Hoje percebi perfeitamente aquele cartoon da menina que diz ao amigo: "Não pises nisso, porque de cada vez que a minha mãe o faz, chora." 54,3kg?! Como raios engordei cinco quilos?! Eu não posso estar ,com 54,3kg! Quando é que isto aconteceu?! Eu NUNCA consigo chegar aos 50kg!

Dou voltas à cabeça a pensar no que poderá ter acontecido. Não fiz nada de diferente, continuo a comer da mesma forma. Talvez com menos frequência, é verdade, mas isso sempre contribuíu para eu emagrecer, nunca para engordar. Como a mesma quantidade que comia (que é como quem diz, um pernil de porco, com batatas, salada e sobremesa), continuo a não ser fã de doces (excepto das farturas... o que eu não dava por uma farturinha agora. Mas, em minha defesa, como farturas todas as semanas desde pequena, por isso não estou a mudar nada na mesma).

Afinal, como é que engordei cinco quilos? E eis que, no fundo da minha mente, uma vozinha diz: "Lembraste quando te diziam para aproveitares enquanto podias? Quando afirmavam 'eu, quando tinha a tua idade, também pesava 45kg, mas depois dos 30 anos, acabou-se'". Algo de errado se passa, eu já passei dos trinta há quatro anos e o meu peso nunca mudou. Não pode ser disso. Nunca, até agora.

Como os tempos não estão para mudar todo um guarda-roupa - pelo menos enquanto não aterrar em Nova Iorque e, até lá, tenho de vestir alguma coisa - e eu VOU voltar a usar as calças todas que estão no armário, é melhor começar a resolver o assunto: inscrever no ginásio, controlar o que como, reduzir os fritos, beber uns sumos detox, fazer dieta. Mas, antes, acho que vou só ali à pastelaria comer uma bolinha de berlim, apetece-me "algo doce". Logo começo a dieta amanhã.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Sobre desistir

Fui ensinada que não devemos desistir. Pelos meus pais, pela sociedade que vê quem desiste como um fracassado. E tenho feito exactamente o contrário.

Há cinco anos desisti de uma relação de quase oito anos e encontrei o Amor da minha Vida. Há três meses desisti de um emprego vazio e encontrei a vontade de estudar. Ao longo dos anos tenho desistido de muitas amizades que se revelaram sem medula e tenho encontrado pessoas de bom fundo, de bom coração, que se têm tornado parte da minha vida de um modo ou outro e sempre que me lembro delas, sorrio. Desisti de lutar contra o meu corpo e aceitei que há coisas que nunca vou poder fazer e aos trinta e quatro anos estou na minha melhor forma e faço coisas antes impensáveis.

Desisti e desistirei sempre que me der a volta ao estômago e nunca serei uma fracassada.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

O que farias se pudesses fazer qualquer coisa, sem preocupações nenhumas?

"O que farias se pudesses fazer qualquer coisa, sem quaisquer preocupações?" é uma pergunta com a qual me tenho deparado nos últimos tempos.Li-a num livro, ouvi-a numa formação, mas a verdade é que esta é uma questão à qual não queremos responder.

Porque achamos sempre que isso nunca vai acontecer, que nunca nos vai sair o Euromilhões (se, como eu, não jogarem, garanto que não sai!), que vamos continuar presos a um emprego do qual não gostamos, a uma relação que deixou de nos satisfazer, a uma rotina que é a nossa há tanto tempo que já nem sequer nos lembramos de como eram as coisas antes dela.

Esquecemo-nos que, quando nascemos, Tirámos a Senha 1 da nossa vida! Que todos os dias são um novo dia, uma nova hipótese de tirar a senha 1 e mudar o rumo da nossa vida, independentemente de para onde este nos levar.

Mas nós, os que Tirámos a Senha 1, estamos já a responder à pergunta: "O que farias se pudesses fazer qualquer coisa, sem quaisquer preocupações?". Eu sei o que faria, e vocês?

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Boa Noite

Amanhã é já depois de hoje e tão pouco de hoje resta até amanhã. Começo antes que seja tarde de mais o que possa ser já tarde para os demais começarem. É uma tortura ter de o fazer, mas quando feito já não me torturarei mais. Escrever aqui é trair quem me lê e mesmo no pouco que escrevo, traio aqui quem ali me lê.

O que costumo escrever já está escrito por costume. Persegue-me durante o dia e continua pelo dia que se segue. Sou apenas eu e não uma personagem dos muitos eu que personifico. Escrevo a trágica melancolia da comédia na cómica tragédia que é a melancolia. Não sou refém de um tema definido e por definição sou a própria temática.

Não brinco assim com as palavras embora isto soe a brincadeira apalavrada. Traquinice de miúdo que é traquinas amiúde. Apresento-me verdadeiramente no colchão de água mas terminada agora esta breve apresentação, bebo um copo de água, digo boa noite e vou para o meu colchão.





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O meu primeiro post


É oficial, sou blogger, ou seja, publiquei o meu primeiro post.
Isto remete-me a duas questões:
- O que é um post?
- O que é publicar?

Um post é um aviso, uma notificação, algo escrito num local público, neste caso, num blogue. Publicar é o acto de tornar público, de afirmar publicamente, e o blog é publico. Assim, verifica-se que é verdade que publiquei o meu primeiro post J

Já agora, um blog, é uma palavra inglesa, de web log, ou seja, um diário da web. Basicamente é uma página na internet onde se publicam posts cronologicamente. Os blogs podem ser individuais ou colectivos, isto é, ter uma ou mais pessoas a publicar no blog.

Dito isto, julgo ser notório que não tinha nenhum objectivo específico na mensagem a passar-vos, a não ser dizer: Posto, logo sou blogger!

domingo, 21 de setembro de 2014

Carioca à primeira vista

Acreditam no amor à primeira vista? No meu caso foi muito mais do que isso. Não me lembro de viver sem ela, a realidade é que nunca vivi sem ela. É quase como se fizesse parte do meu ADN. A primeira ida à praia, o primeiro picolé da Kibom, a primeira água de côco, o primeiro Natal, a primeira fantasia de Carnaval, tudo teve a Cidade Maravilhosa como cenário. Cresci apaixonada pelo sotaque cantado das palavras cariocas, pelo clima, pela simplicidade e descontração das pessoas. 

Tenho duas nacionalidades, dois bilhetes de identidade e dois passaportes, mas mais do que isso: tenho o coração dividido ao meio e a certeza que nunca conseguirei deixar de me sentir tão brasileira quanto portuguesa. Aliás, mais do que brasileira, metade do meu coração  é mesmo Carioca!

Amo o calor com que os cariocas me recebem e a facilidade com que nos abraçam, amo os braços abertos do Redentor e os passeios pelo calçadão até ao Leme. Gosto de poder sair de havaianas com a mesma descontração com que saio de saltos altos, gosto do biscoito Globo (mais do salgado do que do doce) e do suco de limão bem gelado na Praia de Copacabana, gosto dos salgadinhos da Confeitaria Colombo, do suco de manga da Polis Sucos e da feijoada de sábado na Garrafeira Informal da Praça da Paz em Ipanema. Adoro passear pela lojas da Rua  Visconde de Pirajá, passar uma tarde no Shopping Leblon e acho que nunca me irei cansar de passear todos os domingos na Feira Hippie da Praça General Osório atrás daquela “bugiganga” que me faz imensa falta.

Ah, e quando forem ao Rio, não deixem de passar pelo “Garota de Ipanema”, fica na esquina da Prudente de Morais com a Vinicius de Moraes. Fiquem numa mesa perto da janela, do lado direito de quem entra, tirem a fotografia da praxe, peçam ao garçom Evandro uma Picanha na Chapa e acompanhem com uma caipirinha com gelo moído. Podem dizer que vão da minha parte ;-)


Vejam o vídeo e cuidado com os amores à primeira vista, quando acontecem são difíceis de resistir e impossíveis de esquecer!








A 1ª Aula

Gostei muito da 1ª aula do curso dos blogues. Não conhecia o Ricardo, nem como jornalista, e mesmo o arrumadinho conheço há semanas.
Significa isto que, na passada 5ª feira espreitei para um mundo novo e fiquei entusiasmada. Já fiz o meu blogue, imaginem só eu com um blogue, e agora vou fazer a meu primeiro post. Boa!

Desejos de um bom Domingo para os colegas bloggers. 
Até 3ª.

De volta à Avenida

Nunca gostei de estudar. Para quem me conhece, isto pode parecer mentira, mas é a mais pura verdade. Nunca gostei de estudar, sempre fui daquelas alunas que se dedicava o mínimo apenas para passar. Cedo perdi o interesse e passei a ver a escola como uma terrível obrigação.

Os meus anos de ouro foram na primária. Era uma aluna exemplar, sempre sentada na primeira fila, venerava a professora Maria Casimiro e chorava desesperada quando ela faltava às aulas com pavor que algo lhe tivesse acontecido. Foram os melhores quatro anos da minha vida.

No primeiro ano, a minha mãe levava-me à escola e sempre que podíamos íamos a pé. Na altura não havia tantos prédios como agora e adorava cortar caminho por entre o pinhal. Lembro-me bem do cheiro dos eucaliptos nas frias manhãs. No segundo ano já ia sozinha, mas de autocarro para não correr o risco de me perder, ou então ia de boleia com a Tia Ruka e a Rosarinho que era a minha melhor amiga e parceira de carteira. Eram as viagens mais divertidas do mundo, sempre a cantar e a inventar jogos. E a cereja no topo do bolo era quando depois da escola ia brincar para casa dela com o Rudy, um boxer gigante que me dava banhos de língua.

A escola primária era o meu mundo, onde nenhum adulto podia entrar. Na sala de aula tinha a professora mais querida, apesar de muito rigorosa e disciplinada, que nos oferecia blocos de cheiro e borrachas pelos nossos feitos e no recreio tinha a Joaquina, a auxiliar que tomava conta de nós e nos ajudava a subir às árvores e nos pegava ao colo e tratava das feridas quando caíamos.
a Professora Maria Casimiro e eu com oito anos
Chorei muito quando tive de mudar de escola e fiquei em pânico com o seu tamanho gigante e a quantidade de miúdos grandes. E o pior, tinha não sei quantos professores. Já não tinha a minha Maria Casimiro, tinha tantos tantos que nem me lembro ao certo. E eram todos velhos e estranhos e faziam um frete imenso para nos dar aulas e aturar as más criações dos repetentes. A escola passou a ser um suplício. As únicas memórias que tenho são da profesora de português do quinto ano que nos lia a Menina do Mar, da Sophia de Mello Breyner quando nos portávamos bem e a professoa de alemão do décimo ano que nos trazia bolas de berlim com doce de morango no Carnaval. Assim se passaram os anos, as escolas, os professores.

Entrei na faculdade, escolhi o curso de Relações públicas e Publicidade, porque não sabia muito bem o que fazer e como ficava fixada na televisão durante os intervalos e forrava as capas dos cadernos com imagens de anúncios da Benetton e da Tag Heure achei uma boa ideia. Not. Entrei na faculdade sem paixão nem curiosidade e logo me aborreci com a quantidade de teoria - sempre imaginei que o curso fosse muito mais prático. A viagem de Cascais para Lisboa era cada vez mais longa, as horas nas aulas cada vez mais entediantes, pensei em desisitir, mas não o fiz. E ali estive quatro anos puramente aborrecida. Quando acabei o curso foi uma festa e nem quis pensar em pós-graduações. Não queria estudar mais. A minha obrigação estava cumprida. Se era um curso de faculdade que a minha mãe queria, ali estava ele.

Fui trabalhar fora da minha suposta área e fiz de tudo um pouco até que cheguei aos trinta e quatro anos frustrada e sem foco. E já rebentar pelas costuras de tanta coisa vazia, despedi-me. Estive três meses de "férias" e agora, dez anos depois de acabar a faculdade, voltei à Avenida Duque de Loulé para estudar. É estranho sair da porta da Palavras Ditas e olhar para o outro lado da rua e ver o antigo edíficio da minha faculdade. Não me trás as melhores recordações. Mas desta vez tenho em mim a curiosidade e a vontade que não tinha há dez anos, que não tinha há vinte.

Eu não quero ser má língua mas...

... houve quatro pessoas que ainda não enviaram o mail para poderem ser adicionadas a este blogue.
Podia estar aqui a armar-me em delator e a apontar o dedo à Rita Soares Alves, à Rita Ribeiro Silva, à Catarina Mendes e à Joana Brás, mas penso que seria deselegante fazê-lo.

A menina Perna Fina, aka Joana Duarte, também se fez de esquecida mas teve o azar de eu já a ter aqui na minha lista de contactos.

Dito isto, passemos ao que interessa: espero que aceitem rapidamente os convites e comecem a dizer o que vos vai aí dentro aqui neste nosso espaço.

Lembrem-se que daqui a muitos anos, quando o curso entrar na sua edição número 749, poderão sempre dizer: "Eu tirei a senha 1". Espero que o digam nos vossos blogues, e que a mensagem chegue a milhares de pessoas.

Bem-vindos.