sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Coragem. Ou talvez não.

Faz hoje um ano que cometi o acto mais arrojado da minha vida. Para uns, uma verdadeira loucura, para outros, uma audácia interdita à maioria das pessoas. Entre os apoios, os conselhos, as críticas, tinha a certeza que havia uma palavra que não saía da cabeça de todos. Coragem.

No dia 15 de Outubro de 2013, fechei a porta de um gabinete em pleno centro de Lisboa, entreguei a chave de um carro bastante acima da média e pus fim a um emprego certo, com ordenado pago, religiosamente, a tempo e horas.

Eu, que dediquei a minha vida pós-estudante a construir uma carreira, que adorava a vida que ela me permitia, bati com a porta. Assim, em pouco mais de 2 meses. Vim-me embora. E foi talvez um dos dias mais felizes da minha vida.

Odeio relações sem entrega, sem comprometimento, sem cumplicidade. Estava nessa fase com o meu emprego. OK, eu sei que é um mal que afecta a maioria das pessoas (ouvi isto tantas vezes!!!). E isso é bom, desde quando? Não devemos aspirar ter um trabalho que nos completa, que nos orgulha, que transforma as segundas-feiras nos melhores dias da semana????

Com um projecto próprio na manga, saí em busca disso mesmo.

Passou um ano e a minha empresa ainda está em construção. Já devia estar a funcionar em pleno?Sim, já devia. Já devia ter um site, cartões de visita, página de Facebook, clientes, muitos clientes? Si, já devia. Ou não. Já não sei.

Durante este tempo, já passei por momentos de angústia, de total desorientação. Já chorei, já me questionei, já me isolei de amigos só para não ter de responder a perguntas para as quais não tinha resposta. 

Há uns tempos atrás, esbarrei num texto. " How quitting my corporate job for my startup dream f*cked my life up", era o título. Primeiro pensamento: "Porra! Fizeste burrada, menina Rita! Estás lixada!"  Mas como eu cometi um acto corajoso, sou, portanto, uma uma corajosa  e ia ler o texto na íntegra, firme e cheia de maturidade para aceitar o meu total falhanço.

Acabei de lê-lo sem força nas pernas e com os olhos cheios de lágrimas. Estava sentada numa cafetaria no Terminal do Campo Grande, à espera para tirar o Passe, com 70 senhas à minha frente. E a vontade de tive, naquele momento, foi de fugir. Mas eu sou uma corajosa, por isso continuei sentada e esperei, pacientemente, que chegasse a minha vez.

Hoje, faz um ano que tive o dia mais feliz da minha vida. Querem saber porquê? Porque aqui, percebi que não era corajosa, era, tão somente, alguém que resolveu procurar alternativas, resolveu testar-se, resolver sair da sua zona de conforto e perceber o que existia no mundo lá fora. E só isso faz de mim uma pessoa muito mais feliz.


P.S. -Já fora de tempo, achei que devia a este grupo fantástico, mais um testemunho. Ao Ricardo, a minha consideração e o respeito pelo tempo que nos dispensou e o maior dos agradecimentos pelos ensinamentos que nos transmitiu. Escrevo de um quarto de hospital, onde estou e que me impediu de terminar o curso, mas como sou corajosa, aqui estou, já completamente fora de horas e quase às escuras a abraçar-vos e a desejar partilhar convosco uns mega blogues, cheios de sucesso! O meu e os vossos!!!




quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Quem trabalha com Paixão é assim

Quando se soube que O Arrumadinho ia dar formação sobre como criar um blogue de sucesso, houve um imenso sururu. Que estava a precisar de dinheiro, que estava desesperado (não sei bem porquê. Outra vez o dinheiro, talvez), que isto de ter blogues de sucesso não é coisa que se ensine, tem-se e pronto (deve ser por magia), que os alunos eram uns desesperados (mais uma vez, não sei porquê. Fama, será?). Enfim, o certo é que ultrapassou a lotação dos desesperados, ou não, por saber como se faz um blogue e não houve uma viagem Lisboa/Cascais, em que a minha cabeça não viesse a fervilhar com todas as ideias e chamadas de atenção tão básicas como justificar um texto, mas que nos fazem quer fazer melhor. Que nos fazem querer fazer/acontecer. Acima de tudo o que o Ricardo, O Arrumadinho nos passou, me passou foi uma imensa paixão e dedicação por tudo aquilo que faz.

São três da manhã e estou sentada a escrever este post. Queria tê-lo escrito quando cheguei a casa da aula. Passava pouco da meia noite e tinha Mi Amor e a Guernica à minha espera. Dei-lhes atenção, contei como foi a última aula, que comemos uns ovos verdes maravilhosos feitos pela Catarina acompanhados de um espumante escolhido pelo Luís especialmente para a ocasião. Que gostaram do brownie que fiz e que o Luís também teve a atenção de levar um vinho do Porto delicioso para harmonizar com o sabor do chocolate. Contou-me como foi o resto do dia. Fomos dormir perto da uma. Há pouco tive de ligar o computador e escrever. É difícil dormir quando queremos contar ao mundo que há pessoas do caraças e que durante nove dias estiveram reunidas numa sala quatorze.

Apesar de serem três da manhã este texto, só será publicado de manhã. Às oito e cinquenta e cinco mais precisamente. E porquê? Terão de fazer o curso para saber.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Count down

Estamos em contagem decrescente para o final do curso de 'Como criar um blogue de sucesso'. O que aprendemos? O que correu bem? O que podia ter corrido melhor? Quem vai conseguir fazer disto o seu negócio?
Estas são apenas algumas das questões que agora nos passam pela cabeça e que com o tempo iremos ter as respostas. Boa sorte, à turma!


quarta-feira, 8 de outubro de 2014

“Hype Paradise Events & Management ” - Capítulo 1

A minha vida está virada de pernas para o ar. Passo os meus dias num rodopio que nunca sonhei que fosse acontecer. Mas finalmente! Já estava na hora.

Acabei o meu estágio na Acting Out (departamento de eventos do Grupo Impresa) no final de Julho e, até há duas semanas para cá, nada demais se passava na minha vida. Até que tive de pôr um fim à inércia e pensar duas vezes o que realmente queria. Até que tive um ideia. Mas uma daquelas ideias em que até aparece a lâmpada em cima da cabeça. Porque não começar a minha própria agência de eventos e management? Estava farta de enviar currículos. Trabalhar para os outros não era, e não é, de todo o que eu quero.

O Instagram @hypeparadise está a funcionar desde Maio, altura em que tinha acabado de organizar os Globos de Ouro e que o trabalho era diminuto. Demasiado tempo livre durante o dia levaram a que eu criasse esta conta onde ia pondo as imagens que me inspiram. Ao passar dos meses, a marca foi ficando cada vez mais forte, com o número de seguidores a aumentar exponencialmente (tendo hoje quase 5500), o que me levava a pensar que todo o esforço tinha de ser aproveitado.

Fez-se luz. Comecei a divulgar ao meu mundo o novo projecto e não estava, de todo, à espera da receptividade que as pessoas tiveram ao mesmo. A quantidade de amigos a quererem associar-se ao meu novo bébé foi enorme. Desde há duas semanas para cá tenho passado os meus dias em reuniões e cafés com diversas pessoas que me querem ajudar. E têm sido uma valente ajuda.

Começando pelo ínicio, hoje agencio três bloggers: a Sofia, a Inês e a Mafalda, que são três meninas que ainda vão crescer muito na blogosfera. A parte dos eventos ainda está a ser definida visto que o mundo dos eventos é muito vasto. Ainda há muito para ser pensado.

Todos estes aspectos ainda estão a ser deliniados. Mas está a dar-me um gosto enorme ter partido nesta aventura.


Rita

Mudar de visual

Quem não gosta, de vez em quando, de mudar de visual?
Confesso que já estava cansada de ver o nosso blog com o layout pré-definido do blogger, por isso resolvi testar vários templates um pouco mais elaborados. No final, escolhi o 'Sorbet'.
Tive que tirar alguns botões (Categorias, Redes Sociais, Contactos, etc) porque nós ainda não temos conteúdo em todos os blocos. Resultado, apareciam espaços vazios.

Há templates bem engraçados, cada um com a sua finalidade. Aqui ficam alguns exemplos que gostei. Os temas são todos gratuitos. (site pesquisado - vale a pena espreitar).

Ah, e por favor, coloquem sempre uma foto nos posts para que o layout fique mais equilibrado.  Se não gostarem deste já sabem onde encontrar outros mais ao vosso gosto. Have fun!

(Este foi o vídeo que vi para perceber como fazer a mudança do layout)


O template que serviu de base ao actual blog (fiz pequenas modificações).

Aqui anuncia-se a abertura de um blog (site), para breve, com link imediato para as redes sociais onde a empresa já está presente.

Com contagem decrescente, ao segundo, criam expectativa para vermos o que vai acontecer...

Um exemplo simples de um business card com  info adicional de outras redes.


Escolhendo a foto de fundo certa, acho que tem atitude para um 'coming soon' de um blog de moda.
Este template, com grafismo de revista, é dos meus templates preferidos para um blog/diário.


segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Sem eira nem beira

Há um corredor imenso que entre as oito da manhã e as oito da noite se enche da multidão regurgitada e ao fim do dia engolida pelos autocarros nas paragens da Gare do Oriente. A multidão passa, ruidosa e apressada, como formigas com destino certo. Às dez da noite chegam os reais habitantes, acompanhados dos inseparáveis sacos e carrinhos com que percorrem as ruas diariamente, e esse mesmo corredor ganha outra vida, outro ruído, vozes que sussurram, falam baixo, falam para dentro.
Já passava das onze da noite quando passei pelo dormitório silencioso, desprovido de colchões e almofadas reais, mas improvisadas em pedaços de cartão ou caixas vazias, abandonadas por alguém, em algum lugar. Ninguém olhou ou parou o que fazia para me ver passar. Faz muito tempo que apesar de frequentarmos o mesmo espaço nos movemos em realidades diferentes, paralelas, conformados a uma mútua invisibilidade.
Mas nessas camas improvisadas, dentro dos sacos-cama mais ou menos gastos espalhados com uma lógica que me é alheia, estavam pessoas, iguais a mim, cuja sorte malvada – se tal coisa existisse – ou loucura indesejada – se alguma vez desejada o fosse – lhes tomaram conta da sina e ditaram um futuro que passa pelas ruas e termina diariamente na fria curvatura branca da estação de metro.
Sem querer ver mas a querer olhar, reparei numa mão pequena nas costas de um homem de camisola azul. Era um saco-cama “de casal”. Um casal que dormia num forçado aconchego, executando uma técnica perfeita de amparo nocturno em forma de abraço. Mais à frente, uma cabeça branca dentro de um pijama axadrezado, deixava-se ver num saco-cama que teria sido castanho ou amarelo-torrado. Respirava como quem dorme tranquilo e a sono solto sem preocupação alguma. No topo do seu carrinho de compras tinha a roupa do dia, encardida do uso mas dobrada com o esmero de roupa de festa. Seria a indumentária de eleição do próximo dia e de todos que se seguissem. Não há outra.
Sem-abrigo.
Os invisíveis que saltam aos olhos de quem não quer ver, que gritam aos ouvidos entupidos da cera egocêntrica que nos afasta e torna indiferente a seres humanos iguais a nós. Iguais a mim.
Sem eira nem beira.

“De acordo com os dados da Nações Unidas em 2005 havia 100 milhões de sem abrigo. Passados 9 anos ainda não temos números oficiais. Porém, há várias associações, organizações e igrejas que disponibilizam apoio, alimentação e abrigo; é fácil encontra-los online. Se puder ajudar, faça-o.” (texto das Nações Unidas)

sábado, 4 de outubro de 2014

A mala de luxo

Apesar de desconhecer tal episódio, acompanhei atentamente a discussão. No dia seguinte fiz a minha própria investigação: vi o vídeo e a entrevista. Pelo meio, vociferei alguns palavrões. Se tivesse que reduzir a questão ao número de caracteres permitidos numa determinada rede social, creio que o faria assim: “Jovem deseja poder comprar uma mala de luxo e é humilhada publicamente como se ela fosse alheia, cúmplice e responsável pela crise do país.”

A limitação de caracteres é excelente pois desta forma não teria sequer de mencionar a forma de falar da jovem. Compreendo que pudesse dar lugar a algum humor, que na verdade eu próprio faria, mas e então o que dizer de inúmeros outros ditos “comunicadores” que todos os dias preenchem as rádios e televisões? Aposto que num instante todos conseguiriam identificar uma série de pessoas com uma forma de falar no mínimo curiosa, mas que nem por isso deixam de ser apostas fortes na comunicação. E uma boa parte dessas, pagas com o dinheiro dos nossos impostos.

O problema principal parece por isso estar na vontade da jovem. Desejo esse, que a própria admite ser consumista, e que teria de juntar dinheiro para poder comprar a mala. O que é que aqui não é claro? O país está em crise, mas uma jovem não pode “sonhar” ter um determinado objecto? Sonhar (ou trabalhar para o conseguir) é uma ofensa assim tão grande? E essa dita futilidade só poderá vir de quem não tem noção e que certamente vive numa família abastada e sem problemas económicos?

Este é um daqueles temas nos quais é muito fácil mergulhar. A tentação é quase sempre a mesma: apontar que os outros não têm noção da realidade. Acusar, denegrir, ofender..! Se eu me metesse neste tema, rapidamente me afogaria nas minhas próprias palavras, porque estas seriam imensas. E que fique bem claro, que nenhuma dessas palavras, seria em direcção à jovem da mala.

O desafio que temos sobre as mãos está na definição do que a realidade é. Para mim, a realidade é uma água muito turva na qual todos os dias nos banhamos. É impossível ver quem é quem dentro desta água escura. Há até quem continuamente remexa o lodo do fundo de forma a manter a água o mais opaca possível. Falar de realidade é muito fácil, conhecê-la é outra coisa. Isso requer mostrarmos quem somos e qual o nosso real contributo para essa água turva. E não serão assim tão poucos aqueles que agitam esse lodo. 


Espero mesmo que ela tenha conseguido comprar a mala.